Acenda a fogueiraÉ tempo das festas que homenageiam santos como São João, enchendo de cor e música as cidades do interior de Pernambuco e de todo o Nordeste Paulo OliveiraFotos: Beto Figueiroa/JC Imagem; Bernardo Soares; Alexandre Belem/JC Imagem
É início da manhã do dia 19 de março e os agricultores do Nordeste se apressam em sair de casa e observar o tempo, procurando algum sinal de chuva. Reza a tradição que, se for plantado nessa data, dia de São José, e houver chuva, não faltará milho em uma das festas mais esperadas pelo sertanejo, a de São João. Festa rica, com fartura de comida e bebida, fogos e fogueiras, e em tradições seculares, o ciclo junino é um dos mais cultuados pela população nordestina, seja nas grandes cidades ou nos sítios escondidos do interior.
No dia primeiro de junho, a dona-de-casa Maria Elisabete de Souza desfraldou a bandeira de São João e a pendurou na sala. Agora espera a chegada da noite do dia 23 para repassar a bandeira pintada à mão para outro morador do centro histórico da cidade de Igarassu, Litoral Norte de Pernambuco, que ficará responsável por guardar o pedaço de tecido até a próxima festa junina. 'Este é o ponto alto da festa, que começa realmente na véspera do dia de Santo Antônio, dia 12. É quando ele entrega a festa para São João (no dia 24), que entrega para São Pedro (dia 29), que, por sua vez, entrega a festa para Santana, mãe da Virgem Maria (29 de julho)', afirma Olga Santa Batista, 65 anos.
Quadrilha, comes, bebes, alegria: a festa do sertanejo
Herdeira de tradições seculares, ela é a mantenedora da festa do estandarte de São João. Para a festa, troncos de coqueiro são cortados para a montagem da palhoça onde a população do bairro em que mora se reúne para o coco de roda, dança popular acompanhada de cantos, logo após a entrega da bandeira para o próximo guardião. A disputa é grande. Segundo a população, quem recebe a bandeira em casa tem garantido um ano de fartura, 'sem nenhum tipo de aperreio'. Na véspera de São João é realizada uma procissão, onde loas e louvores em homenagem ao santo são cantados em voz alta. Os donos da casa que vão passar a bandeira para a próxima guarida oferecem aos participantes uma mesa farta em comida e bebida. Só após o cortejo segue o caminho até a próxima residência que terá a honra de guardar o estandarte até o ano seguinte.
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